As alterações orgânicas relacionadas ao envelhecimento podem também estimular a necessidade de uma reposição hormonal masculina.
Saiba com esse post para quem a reposição de testosterona está indicada.
O que é a reposição hormonal masculina?
Antes de mais nada, vamos entender o que leva um médico a prescrever uma reposição hormonal masculina.
Esse tratamento é indicado quando os pacientes estão com hipogonadismo, que ocasiona uma baixa na produção de testosterona pelo organismo. Há estudos médicos que apontam que 15% dos homens entre 50 a 60 anos podem ter esse diagnóstico.
A testosterona é um dos principais hormônios do organismo masculino, começa a ser produzida já na sétima semana de desenvolvimento embrionário. Vai regular diversos processos no corpo, como características sexuais dos homens, o vigor físico e mental, além do desejo sexual, entre outros aspectos.
Os níveis de testosterona permanecem altos na juventude, porém, a partir dos 30 anos começam a cair. Em cerca de 40% deles, o hormônio começa a diminuir muito mais intensamente após os 40 anos.
Há dois tipos de hipogonadismo:
- Hipogonadismo Hipergonadotrófico: a testosterona cai por problemas no próprio testículo que afetam e diminuem a produção;
- Hipogonadismo Hipogonadotrófico: cai por problemas na secreção do hormônio LH (luteinizante), assim o testículo não recebe informações suficientes para manter a produção de testosterona (Hipogonadismo Hipogonadotrófico).
Problemas de saúde como obesidade, diabetes, tabagismo, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, além de doenças testiculares, aumento da prolactina, privação do sono e estresse agudo e crônico também podem provocar a baixa da testosterona no organismo.
Associados aos sintomas descritos abaixo e ao exame de testosterona com índices baixos do hormônio, o homem poderá estar sofrendo da Síndrome Androgênica do Envelhecimento Masculina (DAEM), que muitos conhecem popularmente como andropausa.
Como é reconhecido que a testosterona está baixa?
Identificar a testosterona baixa não é um processo simples, porque não basta apenas observar o resultado dos exames no papel. Só essa iniciativa pode resultar em subdiagnósticos. Em muitos casos, o paciente tem sintomas, mas muitos profissionais não consideram que está com hipogonadismo.
Existem seis variáveis que podem influenciar no resultado da testosterona baixa. Conheça os fatores:
- A maioria dos laboratórios não têm esse valor dos níveis de testosterona atualizado e colocam um valor de referência abaixo do discutido nos congressos internacionais;
- Há uma variedade muito grande sobre esses níveis de testosterona baixa nas associações e conselhos médicos internacionais, os números podem variar de 264 ng/dL a 350 ng/dL;
- A variedade de formas nas quais a testosterona está presente na corrente sanguínea: ligada à SHBG, albumina ou livre (2% da testosterona total). Em geral, o que mais importa é a testosterona livre para dizer se o hormônio está baixo no organismo. É neste valor que os médicos precisam ficar de olho;
- Para atuar no organismo, a testosterona precisa estar em contato com um receptor androgênico. Muitas vezes, quando há alguma alteração no receptor, não é possível fazer um encaixe perfeito e o paciente precisa de mais testosterona;
- A testosterona livre precisa ser medida de forma adequada nos laboratórios, ou seja, por testosterona livre calculada, diálise técnica ou ultracentrifugado. Não é confiável a medição por radioimunoensaio;
- É preciso avaliar o ritmo circadiano (o nível de testosterona é maior pela manhã) e a variação individual do paciente. Em muitos casos, o número correto só será identificado depois de 2 a 3 coletas de sangue.
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Sintomas da testosterona baixa
Quando estão com hipogonadismo, os homens podem manifestar sintomas como redução de massa muscular, aumento da circunferência abdominal, indisposição crônica, perda de memória, ondas de calor, dificuldade de concentração, perda de libido, diminuição das ereções matinais e espontâneas e até mesmo redução do volume ejaculatório.
Outros efeitos causados pela baixa de testosterona são:
- Disfunção endotelial;
- Aumento de citocinas pró-inflamatórias;
- Piora das taxas de açúcar no sangue;
- Problemas de pele;
- Aumento da incidência de derrames e infartos.
Dois grandes riscos da baixa da testosterona no organismo são: disfunção erétil e o aumento das taxas de mortalidade. Pacientes com testosterona baixa tem a mortalidade 2 vezes maior que pacientes com os níveis normais do hormônio.
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Reposição hormonal em jovens reduz a fertilidade
É importante também alertar que para os homens que ainda querem ter filhos a reposição hormonal masculina pode não ser a melhor solução porque o tratamento inibe a produção endógena de testosterona e dos espermatozoides.
Assim, a reposição hormonal masculina em jovens não é a mais indicada, devido também à questão da fertilidade. A reposição hormonal é mais indicada para pacientes acima de 40 anos, que já têm filhos ou não querem mais ter filhos , mas querem reverter os sintomas da andropausa.
Para esses casos de baixa de testosterona comprovada, mas com intenção de preservar a fertilidade, o mais indicado é uma reposição hormonal masculina natural, criando meios para que o próprio organismo retome essa produção de testosterona por meio de estímulo testicular.
Conjunto de medicações estimula produção do hormônio
Esse tratamento é feito por um conjunto de medicações que vão estimular o testículo a produzir mais testosterona, de forma endógena, o que é diferente da reposição hormonal.
Outro ponto interessante a ressaltar para os homens que querem se livrar dos sintomas da baixa de testosterona é que a reposição hormonal é mais efetiva e rápida na melhoria dos desconfortos, além de ser mais prática, do que o estímulo testicular.
Além disso, no estímulo testicular, o paciente ainda precisa contar com uma boa reação do testículo frente a essas medicações, o que pode não ocorrer.
Para o estímulo testicular, os andrologistas podem iniciar o tratamento com a forma sintética do FSH e o LH recombinante, outra alternativa é prescrever a ingestão do HCG (gonadotrofina coriônica) ou o SERM (modular seletivo de estrogênio), que vão enganar a hipófise para que continue a produzir a testosterona.
Além dessas alternativas, também é possível investir nos inibidores da aromatase, que também permitem que a hipófise fique mais liberada para estimular o testículo.
Essas alternativas vão permitir aumentar os níveis de testosterona e aumentar os espermatozoides, o que se configura como um tratamento importante para a fertilidade.
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Como fazer reposição hormonal masculina?
Quando o paciente apresenta todos esses sintomas, o primeiro passo é buscar um médico para reposição hormonal masculina, que seja especializado na patologia. Em geral, para reposição hormonal masculina, urologista ou endocrinologista são os especialistas indicados.
Pode-se fazer de 2 formas esse aumento da testosterona baixa:
- Estimulando o testículo a produzir mais testosterona;
- Ofertando testosterona exógena, realizando a famosa TRT (Terapia de Reposição de testosterona).
Vamos discutir mais à frente sobre as vias de administração da testosterona.
Como funciona a reposição hormonal masculina?
Essa terapia hormonal vai ajudar a reverter os efeitos do hipogonadismo. Em pouco tempo, os pacientes que começam a tomar medicamento para reposição hormonal masculina vão perceber uma melhora no seu estado geral, recuperando a disposição física, mental e o desejo sexual.
Além disso, a reposição hormonal masculina com os níveis adequados protege de doenças cardiovasculares e aumenta a sobrevida.
Como se faz reposição hormonal masculina?
Se você está se perguntando qual o melhor medicamento para reposição hormonal masculina, saiba que cada paciente pode se ajustar melhor a um determinado tipo de medicação.
Após ajustar a dosagem própria da reposição hormonal masculina para cada paciente, o médico pode sugerir 4 abordagens: aplicação de gel transdérmico, injetáveis, implantes subcutâneos (chip de testosterona) ou via oral (cápsulas).
Injetável
A reposição hormonal masculina injetável poderá ser de média ou de longa duração. Em ambos os casos, é preciso receita médica para adquirir o medicamento.
No caso de média duração, é o Cipionato de Testosterona, que pode ser injetado a cada duas semanas, ou em intervalos variáveis, de acordo com o que for mais apropriado ao paciente. Esse tratamento tem um custo-benefício melhor do que a medicação de longa duração.
Já a injeção de reposição hormonal masculina de longa duração pode ser aplicada em um intervalo de 8 a 14 semanas. Tem um custo mais alto.
Gel
Outra opção é o uso da testosterona gel, que é o hormônio puro dissolvido em uma base hidroalcoólica ou em Pentravan. O uso pode ser realizado por via axilar ou transdérmica.
Essa forma de reposição é bem semelhante ao processo fisiológico e tem fácil aplicação, além de ser mais segura em casos nos quais o uso precise ser pausado repentinamente.
Quem fizer essa opção deverá fazer a aplicação do gel diariamente em pequena quantidade em regiões do corpo como ombros, abdômen ou braços. É preciso esperar o gel secar por 5 minutos, antes de se vestir.
Nestes casos de uso do gel, um cuidado é não expor outras pessoas, como mulheres ou crianças, ao gel ainda fresco no corpo.
Implantes
Já a reposição hormonal masculina de testosterona bioidêntica por meio dos implantes de pellets vai servir àqueles homens que não estão dispostos a ter que usar a medicação diariamente, no caso dos géis, ou se submeter a injeções constantes.
Nestes casos, são implantados de uma única vez de 8 a 12 pellets, de forma rápida, que irão fazer a liberação do hormônio no corpo por cerca de 4 a 6 meses.
Via oral
Um medicamento para reposição hormonal masculina pode ser prescrito em cápsulas. Esse método havia sido abandonado porque a substância daquela época fazia mal ao fígado.
Porém, em 2019, uma nova substância foi formulada e aprovada pelo FDA, o undecanoato de testosterona.
No Brasil, o comprimido para reposição hormonal masculina só pode ser encontrado em farmácias de manipulação. No entanto, para esse método ou para os outros, é importante que os pacientes não façam essa reposição sozinhos, é necessário o acompanhamento médico constante.
Reposição hormonal masculina: efeitos colaterais
A reposição testosterona pode trazer alguns efeitos colaterais como ginecomastia (aumento das mamas) e problemas na pele, como acne, aumento da sudorese, queda de cabelos e aumento dos pelos no corpo.
Pacientes com câncer de mama (uma patologia que também pode acometer os homens de forma mais rara) e com tumores hepáticos não devem realizar a reposição hormonal. No caso das patologias hepáticas, alguns tumores ativos são sensíveis a hormônios.
Em casos de pacientes com câncer de próstata, o tratamento deve ser guiado sempre por um urologista/andrologista, quando necessário.
Os efeitos colaterais podem ser minimizados ao máximo com acompanhamento frequente, ajuste de doses e adicionando medicações para contrabalancear.
Quanto tempo dura a reposição hormonal masculina?
Em geral, pacientes que começam a reposição hormonal devem realizar o tratamento para a vida toda. Porém, isto está longe de ser uma regra.
A explicação é porque quando o paciente é indicado à reposição, ele já está com uma baixa na produção natural. Como os testículos param a produção endógena de testosterona à medida que o hormônio é oferecido de forma exógena, aquele paciente só terá os benefícios à medida que continuar com o tratamento.
Além disso, caso o paciente pare com o tratamento, o testículo pode levar cerca de 6 meses para realizar a produção natural do hormônio e ao retomá-la fará com o mesmo nível baixo de antes, então todos os sintomas indesejáveis vão voltar invariavelmente.
Se o paciente for parar o uso, é importante avisar ao médico para realizar essa transição, estimulando o testículo a produção natural com medicamentos específicos.
Conclusão
O certo é que a qualidade de vida de um homem que faz reposição hormonal, quando bem indicada, vai melhorar muito.
Mas, antes de iniciar a reposição hormonal masculina, todos os exames devem ser realizados e a decisão do tratamento deve ser bem conversada no consultório para que o paciente entenda a sua necessidade e faça a melhor escolha.
Dr. Marco Túlio Cavalcanti Urologista e Andrologista. Disfunção Erétil e Impotência sexual: dê fim a esse tormento. Prótese do Pênis: a retomada da sua vida sexual. Doença Peyronie: correção da curvatura, recuperação do tamanho e calibre do pênis. Reposição Hormonal: retome o seu desempenho.
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